Maratona mais difícil do Brasil abre inscrições – 11/08/2022 – Na Corrida

Diz o ditado que uma imagem vale mais do que mil palavras. Antes de eu falar sobre a maratona mais difícil do Brasil, veja a foto abaixo.

A estrada em questão é a SC-390, no trecho que serpenteia a Serra do Rio do Rastro, entre os municípios de Lauro Muller e Bom Jardim da Serra, no sul de Santa Catarina.

As curvas fechadas cercadas por cachoeiras e natureza exuberante renderam fama à rodovia, considerada ponto turístico e cartão-postal catarinense. O diário britânico “The Guardian” chegou a incluir a SC-390 em uma reportagem sobre estradas espetaculares pouco conhecidas do mundo.

A impressão que se tem ao trafegar pela Serra do Rio do Rastro é que ali não deveria existir uma estrada. As ladeiras são tão íngremes em alguns pontos que o asfalto precisa ser substituído por um concreto com ranhuras. Isso evitar que os pneus dos carros girem em falso durante a subida.

É nesse cenário repleto de pirambeiras que acontece a maratona mais difícil do Brasil. A próxima edição da Serra do Rio do Rastro Marathon acontece nos dias 6 e 7 de maio de 2023. Apesar de acontecer só no ano que vem, as inscrições para a prova abrem nesta quinta-feira (11). A boa notícia é que os atletas terão nove meses para treinar para a corrida.

A parte ruim é que treinar pode não ser suficiente.

“Você corre a prova com as pernas, com a cabeça e com o coração. Você precisa respeitar a serra, mas lembrar que a missão é difícil, mas não impossível”, conta a médica e maratonista Érika Ferrari, que completou a prova em 2018. “Eu via pessoas com experiência em Ironman que olhavam para a serra e diziam que desistiriam. Apesar do preparo físico exemplar, elas se deixavam intimidar pela ladeira”.

Só sobe?

Nos primeiros 30 km, o atleta se depara com subidas e descidas – mais subidas do que descidas, é bem verdade. A serra do cartão postal está reservada para os últimos 12 km, justamente quando os atletas já estão cansados pela distância e pelo clima imprevisível da região.

“Em 2018, corri com temperatura de 12 graus, debaixo de chuva. No percurso, vi pessoas desistindo por hipotermia e, após a linha de chegada, os atletas eram recebidos com chocolate quente, em vez do tradicional isotônico”, relembra Érika. “No ano anterior, o calor era de 30 graus e o risco era de insolação”.

Requintes de crueldade

Se o percurso desafiador não fosse o suficiente, a organização do evento também adota limites de tempo dentro da prova. Os primeiros 29,5 km devem ser percorridos em até 3h50min. A marca dos 37km precisa ser vencida em 5h15min. E quem não cruzar a linha de chegada em até 6h20min é desclassificado e obrigado a terminar a corrida em uma van.

“Isso obriga o corredor a se concentrar em um trecho de cada vez. São três corridas dentro de uma só”, explica Érica, que completou a prova em 5h21. Menos de três meses antes, ela correra a maratona de Vancouver, no Canadá, em 4h05. A diferença de 75 minutos entre uma prova e outra está nas ladeiras da Serra do Rio do Rastro.

Para explorar ainda mais a mística em torno da prova, a organização também criou a categoria “Missão dos Guardiões”. Nela, o atleta precisa completar 25 km no primeiro dia e 42 km no segundo para receber uma medalha especial. Apenas 100 pessoas podem se inscrever para essa categoria.

Serviço

As inscrições para a edição 2023 da prova abrem nesta quinta-feira (11). A organização espera até 2 mil atletas, divididos nas provas de 12 km, 25 km e 42 km. Há ainda a possibilidade de percorrer 40 km de bicicleta, sem divisão por categoria. O kit para a maratona custa 5 x R$ 93 + taxas. Para detalhes do regulamento e valor de todos os kits, consulte o site https://riodorastromarathon.com.br/. As inscrições podem ser feitas no site vemcorrer.com.

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