Ciência

Genoma muda retrato da origem de gregos na Idade do Bronze – 25/08/2022 – Darwin e Deus

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Acaba de sair na revista Science um pacote substancioso de novas pesquisas de paleogenômica ou arqueogenômica. Ou seja, estamos falando do estudo do DNA de populações antigas — no caso, um grande mergulho no passado genético de alguns dos povos mais importantes do Mediterrâneo e regiões vizinhas, dos Bálcãs à Mesopotâmia. Os trabalhos são tão extensos que eu provavelmente vou precisar de vários posts para destrinchá-los aqui no blog, mas o que mais me chamou a atenção de cara foram os dados sobre a origem dos gregos.

As informações estão neste estudo coordenado por Iosif Lazaridis, da Universidade Harvard (EUA). O trabalho é importante, entre outras coisas, porque ele compara de maneira detalhada as duas grandes populações que existiram na Grécia durante a Idade do Bronze. No começo (de 3500 a.C. a 1500 a.C.) predominavam os chamados minoicos, com palácios em Creta e outras ilhas, enquanto, a partir de 1700 a.C., a região começa a ser infiltrada pelos chamados micênicos (com reinos poderosos em lugares como Micenas, Esparta e Pilos).

A escrita micênica já foi decifrada, revelando que eles falavam uma forma muito arcaica de grego. Já a dos minoicos nunca foi lida até agora. Ocorre que o grego faz parte da grande família das línguas indo-europeias (assim como o português, o alemão, o russo e vários idiomas do Irã e da Índia). Tudo indica que essa família se espalhou junto com nômades das estepes da atual Ucrânia e regiões vizinhas.

No caso grego, isso significaria que grupos oriundos das estepes teriam invadido o território dos minoicos e imposto sua cultura aos antigos habitantes da região. OK, faz sentido, mas o que diz o DNA?

Em primeiro lugar, que as diferenças entre minoicos e micênicos são relativamente pequenas. Não houve nada parecido com um genocídio. Em geral, os micênicos possuem algo como 10% de DNA dos grupos das estepes, com o restante sendo da população minoica. Mas isso não necessariamente significa que só os recém-chegados passaram a deter o poder político. Enterros de membros da elite na época micênica também abrigam pessoas de “sangue” 100% minoico, como o chamado Guerreiro-grifo, cuja tumba, achada na antiga cidade de Pilos, tinha até uma espada com cabo de ouro.

Ou seja, tudo indica que os falantes do idioma ancestral do grego, quando chegaram à região, acabaram fazendo acordos com os nativos, ao menos em alguns casos, incorporando-os à classe governante. A habilidade política parece ter valido tanto quanto a militar, nesse caso.


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Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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