‘Batem à Porta’: Shyamalan tenta recuperar o ouro de ‘O Sexto Sentido’ – 02/02/2023
M. Night Shyamalan é um dos poucos diretores que operam de forma independente, mesmo lançando filmes por grandes estúdios. O motivo é um só: cada trabalho novo é acompanhado pela expectativa de recapturar o gênio na garrafa que foi “O Sexto Sentido”, um fenômeno de bilheteria que em 1999 cravou sua marca na cultura pop.
“Batem à Porta” segue a mesma linha que se tornou assinatura do cineasta. É um suspense carregado menos pela trama e mais pelos personagens, que antevê uma reviravolta em seu clímax. É também o segundo filme de Shyamalan, depois de “Tempo”, que não segue um roteiro original, e sim a adaptação de outra obra.
O casal Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge) leva sua filha adotiva de 7 anos, Wen (Kristen Cui), para uma temporada de férias em uma cabana na floresta. O idílio é rompido pela chegada de quatro estranhos, liderados por Leonard (Dave Bautista), que dizem estar cumprindo uma missão: a família precisa escolher um de seus membros como sacrifício ou o mundo vai acabar.
É inegável a habilidade de Shyamalan em extrair o máximo de suspense de uma permissão tão tênue. O elenco superlativo ajuda a “vender” o conceito, e não raro o filme levanta a dúvida se os visitantes são um quarteto de lunáticos ou se os desastres então mostrados na TV são de fato o prenúncio do apocalipse.
Essa montanha russa narrativa seria mais eficiente se tivesse sido mais acentuada. Tramas paralelas, como Andrew reconhecendo um dos intrusos (interpretado por Rupert Grint) como um homofóbico que o atacou uma década antes, não adicionam nenhum tempero à história.

O diretor M. Night Shyamalan confere a câmera no set de ‘Batem à Porta’
Imagem: Universal
Há de se admirar, entretanto, a insistência do diretor em navegar o atual cenário do cinema pop, dominado por marcas, espetáculos e propriedades intelectuais, com um filme de menor escala. Enquanto seu trabalho, ao menos desde seu respiro recente com “A Visita” (2015), seguir com produções modestas que rendem dez vezes seu orçamento, quem banca a conta não tem motivos para não esperar um novo “O Sexto Sentido”.
“Batem à Porta” ainda não é este filme. Embora seja bom entretenimento, falta a ele o tipo de impacto que o eleve acima de um thriller eficiente. A tensão está lá, aliada à mão firme de Shyamalan. Mas lhe falta um clímax mais corajoso. É um trabalho sujo mais alguém tem de fazê-lo: o final do livro é melhor.
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