Quanto se ganha investindo em renda fixa de forma simples? – 05/06/2022 – De Grão em Grão

A rápida elevação da taxa de juros brasileira está confundindo o investidor. Quando ele avalia sua carteira, vê uma rentabilidade, mas quando ouve falar das taxas de juros vigentes observa algo completamente diferente. Esse descompasso traz uma dificuldade para o entendimento de quanto a renda fixa realmente rende.

Usualmente, o aplicador brasileiro de renda fixa está acostumado com dois rendimentos básicos, o da poupança e o da taxa Selic ou CDI.

Eles são básicos, mas só estes dois instrumentos já causam uma grande confusão. Para avaliar isto, vamos a um pequeno teste (não vale colar no Google).

1) Quanto rendeu a poupança no ano passado (2021)?

a) 8,35% ao ano

b) 5,29% ao ano

c) 2,94% ao ano

d) 1,12% ao ano

2) Quanto rendeu o CDI no ano passado (2021)?

a) 2,12% ao ano

b) 4,42% ao ano

c) 7,46% ao ano

d) 12,65% ao ano

Acompanhar estas duas variáveis ao longo do tempo, com a forte alteração que ocorreu, não é natural para a maioria dos aplicadores.

Depois da última alta da taxa Selic, que ocorreu no início de maio, a taxa DI, ou CDI, passou a ser de 12,65% ao ano e a poupança está rendendo por volta de 8,35% ao ano. No entanto, esta é a rentabilidade que você vai ganhar no futuro e não a que ganhou no passado.

Estes valores são muito mais elevados do que o que o investidor vê acumulado em sua carteira no horizonte dos últimos 12 meses e o que rendeu no passado.

Normalmente, os gráficos de rentabilidade apresentam estes dois prazos para avaliação e sabemos que a decisão dos aplicadores muitas vezes leva em conta o que rendeu no passado.

Esta diferença entre a rentabilidade passada e atual leva muitas vezes o investidor a acreditar que, por ver uma rentabilidade na carteira menor que o que é anunciado na imprensa, seus produtos estariam errados. Veja o tamanho da diferença.

Nos últimos 12 meses terminados em maio de 2022, o CDI e a poupança renderam 7,46% e 5,29% ao ano, respectivamente. No ano de 2021, o CDI e a poupança se valorizaram 4,42% e 2,94% ao ano, respectivamente. Como você foi no teste acima?

Ressalto o tamanho da diferença. O CDI rendia em 2021 quase um terço da rentabilidade atual e menos que a poupança. Assim, leva o investidor à frustrante conclusão errada: minha carteira de renda fixa rende menos que a poupança.

Perceba que olhar para o que rendeu no passado, traz pouca informação e, também, pode levar a decisões erradas.

O investidor que aplica em instrumentos que rendem o CDI, se avalia a rentabilidade dos últimos 12 messes de 7,46% ao ano, pode acabar decidindo de forma errada por migrar para a poupança, pois esta parece render mais, quando é avaliado o rendimento anualizado apenas do último mês de 8,35% ao ano.

De fato, o investimento em renda fixa vai muito além destas duas rentabilidades, ou seja, CDI e poupança.

Para escolher onde aplicar em renda fixa, há três decisões básicas a se tomar:

1) qual o prazo?

2) qual o indexador?

3) qual o emissor?

Estas três decisões influenciam a rentabilidade que você vai obter no futuro.

Sabemos que o CDI ou a Selic vão ganhar da poupança. Entretanto, para se obter retornos maiores que a taxa Selic ou o CDI é necessário escolher adequadamente estas três variáveis. Mas, vamos deixar a explicação destas três variáveis para um próximo artigo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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