Esporte

Para quem importa o Paulistinha? – 27/01/2022 – Sandro Macedo

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Antigo colunista desta editoria, o escritor, roteirista e multiuso José Roberto Torero já dizia que os regulamentos, calendários e tabelas do futebol brasileiro eram administrados por Tico e Teco. Tico cuidava do regulamento; Teco, das tabelas… Ou vice-versa.

Aparentemente, os cargos eram vitalícios, porque a sensação é a de que eles continuam por lá. E eles são os responsáveis pelo esvaziamento dos estaduais, pelo menos, nas principais praças, que incluem times preocupados com a Série A do Brasileiro. Ou a B.

Veja o estado de São Paulo, por exemplo. O Paulistinha repete o mesmo regulamento de anos recentes, dividindo os times em quatro grupos e deixando um grande em cada um, com direito a duas vagas para as quartas de final por chave.

Ou seja, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo (ordem alfabética) já estão classificados. Não tem jeito. E se jogarem mal? E se venderem o craque? E se o técnico cair? E se o ex-presidente do Cruzeiro assumir? E se Bolsonaro apoiar? Não adianta, pode pintar o pior cenário, os quatro vão se classificar.

Ou seja, você pode reservar a data em sua agenda para começar a acompanhar o campeonato apenas no dia 23 de março, quando começam as quartas de final —ou pode também assistir aos clássicos, às vezes são divertidos.

Nem sempre foi assim. Até os anos 1980, os estaduais valiam tanto ou mais que os nacionais. Foi a década que eternizou a democracia corintiana; teve o primeiro campeão do interior, a Inter de Limeira, para trauma dos palmeirenses; coroou os menudos são-paulinos; celebrou os bad boys da Vila —aquele time de 1984 não tinha tantos “meninos”— acompanhados pelo matador Serginho Chulapa.

Nos anos 1990, o trauma palmeirense acabou com direito a título diante do Corinthians. Pouco depois, o Corinthians deu o troco. Talvez ali, em meados dos anos 1990, tenha sido o começo do fim da importância do torneio.

E agora, em pleno 2022, ano 3 da pandemia, para que serve?

Serve, por exemplo, para lotar os estádios da capital com mais de 80% de leitos ocupados por infectados com Covid, uhu.

Entre os clubes, pode causar mais crise do que alegria.

Para o Santos, se chegar à semifinal e for eliminado sem humilhações, com Ricardo Goulart fazendo bom papel, tudo certo. O que vier a mais será lucro. Foco na Sul-Americana.

Para o Palmeiras —que já está praticamente classificado após dois jogos—, vale para… nada. Se não se esforçar, deverá ir à final. Caso se esforce, capaz até de ganhar. Mas o foco é a luta com Flamengo e Atlético Mineiro pelos principais títulos do continente.

Para o Corinthians, serve para a torcida pegar no pé do professor Sylvinho semana sim, semana também. O foco deveria ser tão somente a preparação para a Libertadores. O time é, no papel, o que mais ameaça o Clube dos 3 do futebol brasileiro. Mas a torcida, além de fiel, é passional. Uma derrota numa semifinal pode abalar a comissão.

Para o São Paulo, atual campeão, serve para não repetir o erro crasso do ano passado. Fez de tudo pelo título, comemorado por uma semana. E passou o resto do ano comendo o pão que o diabo cuspiu.

O São Paulo começa em patamar semelhante ao do Santos: uma eliminação digna numa semifinal não causaria grandes danos. E também tem um atacante como principal contratação do ano: “Nikão é o 10 do Trikas”, postou o clube, para irritação dos irritadiços. Provavelmente o post teve mais repercussão do que teria um título.

E, apesar de o interior ser cada vez mais fraco, um time pode fazer frente aos outros, o glorioso Red Bull Bragantino, vice-campeão da Sul-Americana.

No fim de março, volto a falar de Paulistinha.


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Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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