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O Sol, a Lua e os Rolling Stones: 60 anos de pedras que continuam a rolar – Entretenimento

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Celebrar os 60 anos da banda mais importante do show business em atividade deve ser uma das mais desafiadoras tarefas. Como festejar seis décadas de um escopo musical que mudou a cultura pop sem parecer cafona, defasado ou nostálgico demais?


Esse é o desafio que Mick Jagger (79), Keith Richards (78) e Ronnie Wood (75) vêm enfrentando nos últimos meses. Isso somado à perda de um dos membros fundadores do grupo: o baterista Charlie Watts, que é peça-chave nas comemorações do sexagésimo aniversário dos Rolling Stones — definido a partir do primeiro concerto oficial do grupo, em 12 de julho de 1962, no Marquee Club, em Londres.


Um compilado de imagens de Watts, acompanhado de um estiloso solo de bateria, abre as recentes apresentações dos Rolling Stones na nova turnê SIXTY, iniciada em Madri, em 1º de junho, e que se encerra no próximo dia 3 de agosto, em Berlim. Após a morte de Charlie, especulou-se com veemência sobre o fim da banda (como tantas outras vezes nas últimas seis décadas), mas Jagger e Richards, responsáveis pelos rumos do grupo, prontamente anunciaram um substituto: Stevie Jordan, colaborador frequente e integrante do X-Pensive Winos, a banda de apoio de Keith Richards reponsável pelo groove irresistível de seus três álbuns da carreira solo (Talk Is Cheap, Main Offender e Crosseyed Heart).


A decisão viabilizou mais uma turnê norte-americana, de sucesso absoluto, no fim do ano passado, além deste novo tramo no intenso verão europeu. Apesar das altas temperaturas e da contaminação de Mick Jagger pela Covid-19 — que acarretou o cancelamento e prejuízo multi-milionário de um show em Berna, na Suíça —, as críticas não poderiam ser melhores. Relatos mostram que a promoção dos shows é mínima, com poucos cartazes ou anúncios. Não é preciso. A própria marca enche estádios por si só, seja de fãs com cabelos brancos que dançavam o efervescente som nos anos 60, seja com a garotada que descobriu a banda no Spotify, vasculhando discos dos pais e avós, ou escutando algum hit em seu filme preferido.



Os ingressos se esgotaram rapidamente e quem quiser comprar de última hora precisa desembolsar uma pequena fortuna. Reportagens da imprensa internacional destacam a vitalidade da banda, a euforia do público e o setlist impecável e até surpreendente. A inclusão de músicas raras no repertório, em especial Out of Time, do álbum Aftermarth, de 1966, é o melhor exemplo disso. A canção nunca havia sido executada nos palcos e está longe de ser um hit no vasto catálogo da banda. A resposta da plateia, porém, foi uma catarse 60, 70 ou 100 mil pessoas cantam o refrão a plenos pulmões. Como resultado, a música esteve presente em todos os shows da turnê SIXTY, ao lado dos irretocáveis clássicos (I Can’t Get No) Satisfaction, Start Me Up, You Can’t Always Get What You Want, Gimme Shelter, Honky Tonk Women, Paint It Black, Jumping Jack Flash, entre outros.


Fortes rumores, inclusive, dão conta de que os Rolling Stones acertam os últimos detalhes para um retorno à América do Sul entre os meses de dezembro e fevereiro, seguido de apresentações pelo resto do globo. Desde os primórdios os Stones são uma banda de palco. São seis décadas de milhares de shows pelo mundo. Por mais que gravassem discos memoráveis, não tinham uma produção tão refinada como os Beatles. Nem tinham tanto tempo para isso, é verdade, já que os rapazes de Liverpool pararam de excursionar em 1966.


Veja a banda tocando Out of Time em Madrid, no dia 1º de junho:



DISCO DE INÉDITAS


Além do entretenimento ao vivo, carro-chefe dos Stones, será disponibilizado um documentário “definitivo” sobre o conjunto. Serão quatro partes — cada episódio sob o prisma de um dos integrantes (Mick, Keith, Charlie e Ronnie). My Life as a Rolling Stone  tem estreia marcada para 7 de agosto no streaming americano e, no mesmo mês, no aplicativo da BBC. A série documental conta com participações especiais de admiradores do grupo, como Chrissie Hynde, Slash, Rod Stewart, Tina Turner e Steven Tyler.


A discografia da banda também segue ativa — ao menos em termos de registros históricos. Em junho, veio à luz o álbum ao vivo Licked Live in NYC, contemplando uma apresentação de 2003 no lendário Madison Square Garden, em Nova York. Um mês antes, em Live at El Mocambo, os fãs puderam apreciar, com ótima qualidade de áudio, uma gravação de 45 anos atrás no famoso clube El Mocambo, em Toronto. Os dois lançamentos fazem parte de um planejamento bem-sucedido da banda que começou em meados dos anos 2010.



A cada ano, memoráveis concertos do grupo vêm à tona sob as mais variadas formas de mídia (streaming, vinil, CDs, DVDs, Blu-Rays etc) — sempre em excepcional mixagem de som e/ou qualidade visual. Além disso, álbuns clássicos recebem novas masterizações e voltam ao mercado com preços exorbitantes, recheados de memorabilia e direcionados, principalmente, aos colecionadores. No ano passado, Tatoo You, por muitos rotulado como o “último grande disco dos Stones”, teve uma edição comemorativa de 40 anos que incluiu raridades e faixas ao vivo nunca antes lançadas. Tal projeto fonográfico é exemplo claro de como uma empresa (mais que uma banda) deve proteger seu legado e gerenciar seu futuro com maestria.


O segundo semestre de 2022 pode também desencadear o aguardado novo álbum de canções inéditas da banda, especulado desde 2005, quando os ingleses soltaram o mediano “A Bigger Bang”. Desde então, diversas vezes ensaiou-se a produção de um disco novo. Em uma dessas tentativas, Mick, Keith e companhia estavam um tanto fartos do processo criativo das composições e, assim, resolveram ensaiar alguns números de blues para descontrair. O resultado foi o exemplar Blue & Lonesome, de 2016, álbum só de covers que foi sucesso de crítica e público.


Em 2020, no auge da pandemia do coronavírus, uma grata surpresa: o ótimo single Living in a Ghost Town, a primeira canção nova em oito anos, desde Doom and Gloom e One More Shot, que foram incluídas na coletânea GRRR!, de 2012. Seria o pontapé para o novo álbum de inéditas? Ninguém sabe ao certo, nem a própria banda. No começo deste ano, Keith Richards confirmou que um disco novo estava nos planos até a morte de Charlie Watts. “Temos algumas coisas de Charlie nos arquivos. Estávamos em meio às gravações quando ele morreu. Se continuarmos, teremos que usar outro baterista e será Steve Jordan”, disse o guitarrista em entrevista ao podcast Music Now.


São 60 anos de uma banda que resistiu a todas as adversidades possíveis: mortes (Brian Jones e Charlie Watts) e trocas inesperadas (Bill Wyman e Mick Taylor) de integrantes; tragédias em concertos (Altmont, em 1969); abuso de drogas, prisões, discos rejeitados pela crítica (Undercover, de 1983, e Dirty Work, de 1986). Mas nada parece interromper a história que está em movimento. Mesmo com tropeços, as pedras continuam rolando e o vento continua a soprar. Como o escritor Rich Cohen bem intitulou seu ótimo livro: há o sol, a lua e os Rolling Stones.


Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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