Educação

O que estava ruim ficou pior: pandemia agrava pobreza de aprendizagem  – Notícias

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“O que já estava ruim, ficou pior” com essa frase o secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares, anunciou os dados do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). Nesse raio X do aprendizado, alguns números alarmantes: 96% dos alunos da rede estadual concluíram o ensino médio sem saber fazer equação de 1º grau.


Como destacou o Secretário, o cenário foi agravado pela pandemia, mas a diretora de Educação do Instituto Alana, Raquel Franzim avalia que “temos de assumir que já havia um problema sério de aprendizagem antes mesmo do isolamento social e começa na alfabetização.”



“Os dados são preocupantes, que se arrastam por anos, muito antes da pandemia, e a alfabetização é o primeiro degrau do aprendizado, se tropeçar aqui, todo o processo de aprendizado ficará comprometido”, alerta a pedagoga do Neurosaber, Luciana Brittes.


Raquel Franzim usa a expressão “pobreza de aprendizagem”, quando uma criança ou um adolescente não aprendem aquilo a que tem direito ou que poderiam aprender, para falar da situação dos estudantes brasileiros. O termo também é usado pelo Banco Mundial para alertar que crianças de 10 anos em 89% dos países pobres do mundo não dominam a leitura de acordo com um relatório divulgado em 2018. Com a pandemia e o fechamento das escolas, esses dados pioraram.


Um estudo divulgado pelo Todos pela Educação mostrou que entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever. O número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.


Este impacto reforçou a diferença entre crianças brancas e crianças pretas e pardas, de acordo com a nomenclatura usada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever passaram de 28,8% e 28,2% em 2019 para 47,4% e 44,5% em 2021, sendo que entre as crianças brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.


Também é possível visualizar uma diferença relevante entre as crianças residentes dos domicílios mais ricos e mais pobres do país. Dentre as crianças mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6% para 51,0%, entre 2019 e 2021. Dentre as crianças mais ricas, o aumento foi de 11,4% para 16,6%.



Robert Jenkins, chefe global de Educação do Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância), após dois anos de pandemia, fez um alerta que “embora seja fundamental retomar as aulas presenciais, apenas reabrir as escolas não é suficiente. Os estudantes precisam de apoio intensivo para recuperar a educação perdida. As escolas também devem ir além dos locais de aprendizagem para reconstruir a saúde mental e física das crianças, o desenvolvimento social e a nutrição”.


“Precisamos de políticas públicas para a recomposição de aprendizagem, além de currículos alinhados à BNCC (Base Nacional Comum Curricular), é urgente que haja esse compromisso de todos os poderes públicos, que assumam a responsabilidade, porque mesmo aquelas crianças que tiveram acesso às aulas remotas, não necessariamente receberam com qualidade”, avalia Raquel. “Sabemos quem está fora da escola, são as crianças em situação de maior vulnerabilidade, a maioria negra e muitas meninas que precisam cuidar da casa e dos irmãos”, completa.


Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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