Fsicos propem existncia de “universo espelho” invisvel
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Redação do Site Inovação Tecnológica – 20/05/2022
Ajustando as teorias realidade
Fsicos esto sugerindo a adoo de um modelo do Universo no qual existe um “mundo-espelho” invisvel de partculas que interagem com o nosso mundo apenas atravs da fora da gravidade.
Segundo Francis Cyr-Racine e seus colegas, esta pode ser uma boa soluo para resolver um grande quebra-cabea na cosmologia moderna – o problema da constante de Hubble.
A constante de Hubble mostra a velocidade com que o Universo est se expandindo na atualidade. O problema que as previses para esta taxa de expanso, feitas a partir do modelo padro da cosmologia, so significativamente mais lentas do que a taxa encontrada por nossas medies mais precisas. Alm disso, as medies tambm no batem, com a “constante variando” conforme a tcnica que se utiliza.
Essa discrepncia uma dentre as muitas que os cosmlogos tm tentado resolver mudando nosso modelo cosmolgico atual. O desafio fazer isso sem arruinar a concordncia que existe entre as previses do modelo padro e muitos outros fenmenos cosmolgicos, sobretudo o fundo csmico de micro-ondas.
Universo-espelho
Para no precisar destruir o edifcio que j est pronto, os astrofsicos tentam achar uma sada partindo das equaes que descrevem o modelo mais aceito atualmente.
Foi fazendo isto que Cyr-Racine e seus colegas descobriram uma propriedade matemtica no modelo cosmolgico que ningum havia percebido at agora. E essa propriedade pode, em princpio, permitir uma taxa de expanso mais rpida do Universo impondo apenas algumas ligeiras alteraes nas outras previses do modelo, evitando assim conflitos – ou, pelo menos, grandes conflitos – com as observaes.
Especificamente, o trio descobriu que adotar uma escala uniforme das taxas de queda livre gravitacional e da taxa de disperso de fton-eltron deixa a maioria dos observveis cosmolgicos adimensionais quase invariantes.
“Basicamente, apontamos que muitas das observaes que fazemos em cosmologia tm uma simetria inerente ao redimensionar o Universo como um todo. Isso pode fornecer uma maneira de entender por que parece haver uma discrepncia entre as diferentes medidas da taxa de expanso do Universo,” explicou Cyr-Racine.
Se o Universo de alguma maneira obedece a essa nova simetria, as equaes levam a um quadro da realidade extremamente interessante: Que, no espelho dessa simetria, existe um outro universo – um universo-espelho – muito semelhante ao nosso, mas invisvel para ns, exceto pelo seu impacto gravitacional em nosso mundo.
Espelho de problemas
Um universo-espelho seria mais um elemento inexplicvel, mas os fsicos j esto acostumados com um “setor escuro” carente de explicaes, com a energia escura e a matria escura resistindo a todas as tentativas de observao, o que torna um “universo-escuro” no to difcil de engolir. Com o benefcio de que este mundo espelho permitiria um escalonamento efetivo das taxas de queda livre gravitacional, respeitando a densidade mdia dos ftons medida com preciso hoje.
“Na prtica, essa simetria de escala s poderia ser realizada incluindo um mundo espelho no modelo – um universo paralelo com novas partculas que so todas cpias das partculas conhecidas. A ideia do mundo espelho surgiu pela primeira vez na dcada de 1990, mas no foi reconhecida anteriormente como uma soluo potencial para o problema da constante de Hubble.
“Isso pode parecer loucura, mas esses mundos-espelho tm uma grande literatura na fsica em um contexto completamente diferente, uma vez que eles podem ajudar a resolver problemas importantes na fsica de partculas. Nosso trabalho nos permite vincular, pela primeira vez, essa grande literatura a um problema importante na cosmologia,” explicou Cyr-Racine.
claro que, nesse meio tempo, pode ser que a discrepncia entre as diferentes tcnicas para medir a constante de Hubble seja eliminada – encontrando erros em algumas das medies, por exemplo -, o que faria com que esse proposto universo-espelho torne-se desnecessrio.
Artigo: Ghostly mirror world might be cause of cosmic controversy
Autores: Francis-Yan Cyr-Racine, Fei Ge, Lloyd Knox
Revista: Physical Review Letters
Vol.: 128 (20)
DOI: 10.1103/PhysRevLett.128.201301
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