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Fechamento de laboratórios da UFRJ por falta de verbas pode comprometer pesquisas sobre varíola dos macacos | Rio de Janeiro

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Se isso acontecer, segundo pesquisadores da universidade, vários trabalhos de longo prazo podem ser perdidos da noite para o dia. Entre eles, o estudo sobre o ‘Monkeypox virus’, nome científico do vírus causador da doença conhecida como varíola dos macacos.

Nesta quarta-feira, a reitora da UFRJ afirmou que a instituição corre o risco de fechar as portas a partir de setembro, caso o corte de verbas anunciado pelo governo federal não seja revertido.

“Esse tipo de paralização causa um ‘delay’ na pesquisa que pode ser irreversível. Por exemplo, a gente trabalha com organismos vivos e sem energia a gente não tem como manter os animais vivos. Seria irreversível”, explicou a professora Clarissa Damaso, virologista da UFRJ.

Durante coletiva de imprensa na última quarta-feira (15), a reitora da instituição, Denise Pires de Carvalho, afirmou que, por conta dos cortes, a universidade não terá como pagar as contas de água e luz, além de manter serviços de limpeza e segurança a partir de setembro.

Segundo a virologista Clarissa Damaso, o laboratório da UFRJ realiza diagnósticos da varíola dos macacos para outros estados, a pedido do Ministério da Saúde, além de ter feito a capacitação de profissionais de outros países da América Latina. Somente ela já trabalha com o vírus dessa família há mais de 30 anos.

Clarissa Damaso, virologista da UFRJ — Foto: Reprodução TV Globo

“São poucos laboratórios no Brasil que fazem isso. São estudos como esses que feitos aqui que a gente consegue entender o vírus e dar uma resposta rápida quando aparece um surto dessa dimensão no mundo”, explicou Damaso.

Governo corta R$ 1,6 bi da educação

O Governo Federal anunciou um corte de R$ 1,6 bilhões no orçamento de universidades e institutos federais. Na UFRJ, foram bloqueados quase R$ 23 milhões, ou cerca de 7,2% do orçamento da universidade.

A instituição afirma que os cortes podem comprometer o funcionamento de nove hospitais e de mais de 1.450 laboratórios a partir de setembro, além de prejudicar aulas presenciais de mais de 55 mil estudantes.

Os cortes agravam a situação financeira da universidade, que nos últimos anos precisou interromper serviços de manutenção e investimentos.

Em valores reais, o orçamento da UFRJ encolheu cerca de 55% na última década. Com valores atualizados pelo IPCA, o orçamento de 2012 era de R$ 725 milhões. O montante caiu para R$ 450 milhões em 2019 e chegou a R$ 309 milhões no ano passado.

Esse ano, a previsão era de um orçamento de R$ 329 milhões. Contudo, com os cortes anunciados pelo Ministério da Educação, a UFRJ pode receber apenas R$ 304 milhões. O valor é R$ 100 milhões abaixo do total necessário para fechar o ano sem dívidas, segundo a instituição.

“O que se faz nesse momento com essas instituições é como uma demolição invisível. Mas no futuro próximo o Brasil sentirá a ausência dessas instituições e verá essa demolição”, comentou Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ.

Redução do orçamento da UFRJ — Foto: Reprodução/TV Globo

A União alega que o contingenciamento foi feito para garantir que o teto de gastos do governo federal seja cumprido. A medida limita o crescimento de despesas públicas.

“Os cortes orçamentários são muito graves porque inviabilizam essas instituições do Estado. (…) Os cortes das áreas de ciência e tecnologia e de educação não são cortes que levarão a melhora da economia”, disse Denise.

“Ao ter que atender o teto de gastos, o governo escolheu onde cortar e escolheu as áreas de educação, ciência e tecnologia. Veja que nesse corte, por exemplo, o chamado orçamento secreto ficou intocável. Não há nenhuma limitação para o RP9, que é o orçamento secreto”, completou Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças.

Caso a situação não mude, a universidade deve ficar sem luz, sem água, sem equipes de segurança e de limpeza a partir de setembro ou outubro, segundo a reitora Denise.

Reitora da UFRJ, Denise Carvalho — Foto: Raoni Alves/g1

Se isso acontecer, anos de pesquisas desenvolvidas nos laboratórios da UFRJ serão jogados fora, como explicou a professora Clarissa Damaso.

“Sem energia a gente não tem nem como funcionar. Temos freezers com amostras de vírus, que é uma coleção valiosíssima de estudos. Nossos alunos dependem dos freezers -80 graus, de baixa temperatura. Se a gente não tem pessoal de limpeza fazendo essa descontaminação, limpeza do solo, não temos como trabalhar”, pontuou.

Questionada se uma breve interrupção nos trabalhos já seria capaz de comprometer anos de pesquisa, Damaso disse que depende do tipo de paralisação. Se o problema for a falta de energia, tudo estará comprometido.

“Se for corte de energia, a gente perde tudo. Acabou. Não tem como recuperar. Se eu perder as minhas amostras que estão em freezer não tem mais como recuperar. É o bem mais precioso do laboratório. Equipamento a gente compra novamente, mas amostras de pacientes, amostras clínicas não recupera mais”, concluiu a pesquisadora.

Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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