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EUA: Última bruxa de Salem é inocentada depois de 329 anos – 02/08/2022 – Mundo

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Agora é oficial: Elizabeth Johnson Jr. não foi uma bruxa.

Até a semana passada, a residente de Andover, Massachusetts, que durante os julgamentos das bruxas de Salem confessou ter praticado bruxaria, era a única pessoa condenada nos julgamentos que ainda não havia sido absolvida.

Ela foi inocentada na última quinta-feira, 329 anos depois de ser condenada, num ato que foi incluído num orçamento estadual de US$ 53 bilhões assinado pelo governador Charlie Baker. Sua absolvição foi fruto de um esforço de lobby feito ao longo de três anos por uma professora de educação cívica e sua turma de alunos da oitava série, além de uma senadora estadual que ajudou a defender a causa.

“Estou emocionada e aliviada”, disse Carrie LaPierre, a professora do colégio North Andover, “mas decepcionada porque não pude conversar com os alunos sobre isso”, porque eles estão de férias. “Foi um projeto tão importante”, disse ela. “Os alunos e eu a chamamos E.J.J. Ela passou a fazer parte de nosso mundo, de certo modo.”

São conhecidos apenas os fatos mais gerais da vida de Elizabeth Johnson. Ela tinha 22 anos quando foi acusada, é possível que tivesse uma deficiência mental e nunca se casou ou teve filhos, fatores que podiam converter uma mulher em alvo nos julgamentos, disse LaPierre.

O governador do Massachusetts na época concedeu um indulto a Johnson, livrando-a da pena de morte, e ela morreu em 1747 aos 77 anos de idade. Mas, diferentemente de outras condenadas nos julgamentos, Johnson não teve descendentes conhecidos que pudessem ter procurado limpar seu nome.

Os esforços anteriores para absolver pessoas condenadas por bruxaria não incluíram Johnson. Segundo historiadores, a omissão pode ter se devido a uma confusão administrativa: sua mãe, que tinha o mesmo nome, também foi condenada, mas foi absolvida antes.

O esforço para inocentar Johnson foi um projeto dos sonhos para sua turma de educação cívica da oitava série, disse LaPierre. Isso lhe permitiu ensinar seus alunos sobre métodos de pesquisa, incluindo o uso de fontes primárias; sobre o processo pelo qual um projeto de lei se converte em lei e sobre maneiras de entrar em contato com legisladores estaduais.

O projeto também ensinou os alunos sobre o valor da persistência: após uma campanha intensiva de envio de cartas, o projeto de lei para exonerar Johnson havia basicamente atolado. Quando os estudantes passaram a fazer lobby junto ao governador para pedir o indulto, sua senadora estadual, Diana DiZoglio, acrescentou uma emenda ao projeto de lei do orçamento, e com isso injetou vida nova no esforço de absolvição.

“Estes estudantes deram um exemplo impressionante do poder do ‘advocacy’ e de falar por outros que não têm voz”, disse em entrevista DiZoglio, senadora democrata cujo distrito abrange North Andover.

Pelo menos 172 pessoas de Salem e das cidades em volta, que incluem a atual North Andover, foram acusadas de bruxaria em 1692, como parte de uma inquisição de puritanos que, segundo historiadores, foi provocada por paranoia.

Emerson Baker, professor de história na Salem State University e autor de “A Storm of Witchcraft: The Salem Trials and the American Experience” (Uma tempestade de bruxaria: os julgamentos de Salém e a experiência americana), disse que havia muitas razões pelas quais pessoas inocentes poderiam confessar-se culpadas de bruxaria. Muitas queriam evitar ser torturadas ou pensavam que talvez fossem bruxas sem sabê-lo. Tudo isso teria sido resultado de uma campanha de pressão movida por clérigos e até familiares dos acusados.

“Em que ponto ela diz: ‘Pelo bem da comunidade, acho melhor eu confessar? Não creio que eu seja bruxa, mas talvez eu tenha tido alguns maus pensamentos e não deveria’”, disse Baker. Para ele, teria sido um pensamento lógico para uma sociedade em que a crença em bruxas era generalizada.

Outra razão comum para as confissões, disse Baker, foi a sobrevivência. No verão de 1692 ficou claro que os acusados que se declararam inocentes foram levados a julgamento prontamente, condenados e enforcados, enquanto os que se confessaram culpados pareciam escapar desse final macabro: as 19 pessoas executadas em Salem haviam se declarado inocentes, sendo que nenhuma das 55 que se confessaram culpadas foi executada, segundo ele.

Baker se disse satisfeito por ver Elizabeth Johnson Jr inocentada. As acusações feitas a ela e sua família devem ter arruinado sua vida e reputação, ele explicou.

“Depois de tudo que o governo e o povo da colônia da baía de Massachusetts fizeram Elizabeth e sua família passar, disse ele, inocentá-la é “o mínimo que podemos fazer”.

Tradução de Clara Allain

Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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