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Cuba volta a registrar protestos contra apagões – 29/07/2022 – Mundo

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Pouco mais de um ano depois de históricas manifestações contra o regime, Cuba tem voltado a registrar manifestações pontuais, movidas a insatisfação popular. Ainda que em proporções bem menores, atos foram organizados nas últimas semanas em ao menos cinco cidades.

O estopim para as queixas foi uma série de apagões, em meio à escassez de energia elétrica que afeta a ilha desde maio. O mesmo motivo permeou os grandes protestos de 11 de julho do ano passado, em meio à frustração com o agravamento que a pandemia de Covid impôs a problemas crônicos locais, como a falta de liberdades, o desabastecimento e dificuldades no acesso a saúde.

Na ocasião, o regime reprimiu os atos com brutalidade, e tentativas de replicá-los acabaram contidas por prisões, amedrontamento e pressão para que opositores partissem para o exílio. Ainda hoje, 700 manifestantes continuam detidos à espera de julgamento.

Agora, em pleno verão, cortes de energia provocaram manifestações em algumas pequenas comunidades. Veículos independentes reportaram atos no último dia 21 em Jagüey Grande, Matanzas, Caibarien e Sagua la Grande.

Uma semana antes, dezenas de residentes de Los Palacios marcharam sob a percussão de tampas de panelas. Autoridades confirmaram que o protesto foi motivado pela falta de luz e que não houve detidos ou atos de vandalismo.

“As pessoas não suportam o calor. Saem às ruas, vão para as varandas à noite para esperar a volta da luz e poder ligar seus ventiladores”, disse à agência AFP Estrella Ramírez, 62, moradora de Bauta, a 29 km de Havana.

Os apagões de hoje por enquanto não são tão intensos quanto os do começo da década de 1990, quando chegavam a durar 16 horas, mas analistas veem um impacto muito superior agora —citando justamente o 11 de Julho. Os cortes programados afetam diferentes localidades, inclusive em horas de maior consumo.

Na pequena cidade de Jesús Menéndez, a AFP ouviu de moradores que a luz falta entre 8 e 10 horas diariamente. “O que fazemos? Cozinhamos com carvão [vegetal] ou querosene, quando conseguimos”, diz a dona de casa Gisela González, 54. Segundo dados oficiais, 68% dos lares cubanos utilizam fogões elétricos.

O líder da ditadura, Miguel Díaz-Canel, disse na sexta-feira passada (22) que os manifestantes desses novos atos pontuais atendem à “contrarrevolução e aos que desejam nosso bloqueio”, em alusão ao embargo dos Estados Unidos.

Ele pediu aos cubanos compreensão e economia de eletricidade, já que a situação não teria solução imediata.

Para o veterano dissidente Manuel Cuesta Morúa, os apagões são “o melhor aliado” da oposição e abrem espaço para a “expressão generalizada do mal-estar social acumulado”. Como mostrou a Folha em abril, a repressão do regime aos atos de um ano atrás deixou a oposição na ilha fraturada.

Segundo a União Nacional Elétrica (UNE), estatal responsável pelo fornecimento, 95% da energia do país é gerada por combustíveis fósseis —cujo preço disparou no mercado internacional neste ano, em meio à Guerra da Ucrânia e a inflação global.

O regime reconhece, ainda, que 19 dos 20 blocos de geração de energia que abastecem Cuba ultrapassam os 35 anos de vida útil, mas os trabalhos de manutenção iniciados em maio e as constantes avarias deixam pouca margem de manobra. Com essa defasagem na estrutura de geração elétrica, o consumo nos horários de pico chega à casa dos 2.900 megawatts, ultrapassando os 2.500 disponíveis e levando às quedas na distribuição.

Edier Guzmán, diretor da UNE, informou à imprensa estatal que a “situação de emergência no sistema elétrico vai se manter, com uma recuperação gradual”.

Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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