Esporte

Com vitórias no Mundial, boxe do Brasil abre caminho rumo a Paris – 25/10/2021 – Edgard Alves

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O protagonismo do boxe murchou durante os dois últimos ciclos olímpicos (Londres-Rio e Rio-Tóquio) pelos desmandos na governança da Aiba (Associação Internacional de Boxe), entidade que era responsável pela organização do pugilismo nas Olimpíadas. O COI (Comitê Olímpico Internacional) rompeu com a Aiba, e a disputa da modalidade só ocorreu em Tóquio porque uma junta especial cuidou dela.

Com a tormenta entre as duas organizações levemente amenizada, a Aiba tenta recuperar seu prestígio para retomar o comando da organização das Olimpíadas. Aproveita uma oportunidade valiosa, em andamento, a disputa do Campeonato Mundial masculino, em Belgrado, na Sérvia.

O evento começou nesta segunda (25), com 510 atletas de 88 países inscritos. O Brasil levou dez pugilistas e estreou com vitórias: por unanimidade, Luiz Gabriel Oliveira (57 kg) venceu Tso Sing Yu, de Hong Kong; e, por RSC (interrupção da luta pelo juiz) no terceiro round, Wanderson “Shugar” Oliveira (67 kg) superou Atichai Phoemsap, da Tailândia.

O presidente da Aiba, Umar Kremlev, está convencido de que o campeonato, que vai até 6 de novembro, representará um novo marco na história da sua entidade. As disputas contam com novidades: 13 categorias de pesos e, como incentivo aos concorrentes, uma premiação recorde. A medalha de ouro vale US$ 100 mil, a de prata, US$ 50 mil, e as de bronze, US$ 25 mil cada uma.

O especialista independente Richard McLaren, responsável pelo relatório da investigação que apontou irregularidades na Aiba e levantou suspeitas de manipulação de resultados de lutas, também está lá. Ele até participou de encontro com o quadro de arbitragem escalado para o torneio, oportunidade na qual as falas enfatizaram que os árbitros e juízes convocados estão comprometidos com lutas justas e julgamentos transparentes.

A Aiba decidiu adotar luvas brancas nos combates, substituindo as tradicionais vermelha e azul. Kremlev explicou que elas vão simbolizar um novo começo, justiça e transparência.

O Brasil, além dos pugilistas, está representado no Mundial pelo médico Bernadino Santi e pelo ex-presidente da CBBoxe, Mauro Silva, que atuará como Oficial Técnico Internacional, função responsável pela fiscalização e pela escala da arbitragem das lutas.

O atual presidente da confederação brasileira, Marcos Candido Brito, que assumiu a função em meados do primeiro semestre, defende que a entidade não abandone a linha de profissionalismo que adotou e que vem apresentando bons resultados.

No setor masculino, o boxe brasileiro surpreendeu nas últimas três Olimpíadas, com as conquistas de duas medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Nos Mundiais, soma sete (uma de ouro, uma de prata e cinco de bronze).

A seleção masculina brasileira de boxe nunca conseguiu se colocar entre as principais forças da modalidade, especialmente em Olimpíadas e Mundiais. Antes das Olimpíadas de Londres-2012, o solitário troféu da modalidade era a medalha de bronze de Servílio de Oliveira nos Jogos do México-1968.

Tinha também um modesto bronze no Mundial de 1986, ganho por Hamilton Rodrigues. Um lampejo de mudança de patamar foi esboçado no Mundial de 2011, quando Everton Lopes arrebatou uma medalha de ouro, e Esquiva Falcão, outra de bronze.

Dali para a frente, o desempenho da equipe nacional passou a deixar a sensação de algo positivo, embora ainda incipiente, estaria ocorrendo. Com as Olimpíadas do Rio-2016 no horizonte, mais verbas públicas no esporte em geral, a CBBoxe começou a gastar mais em viagens internacionais.

Investiu ainda em aluguel de imóveis para abrigar integrantes de seleções permanentes em fase de preparação, preocupando-se que ficassem próximos do centro de treinamento para facilitar as atividades de atletas e treinadores.

Às equipes foi assegurado o benefício de quatro refeições diárias, com cardápio sem sofisticação, mas balanceado. O CT virou referência e local de visitas e estágios para interessados (atletas, técnicos e árbitros).

Além disso, as seleções ainda ganharam o respaldo e orientações de equipes multidisciplinares, com análises de desempenho e correção de técnicas.

Em seu site, a CBBoxe também aponta como um fator positivo a mudança de sua sede em São Paulo para uma instalação mais arejada e espaçosa. Não deixou de ressaltar que os seus principais campeonatos foram reestruturados e que a entidade adotou a política de distribuir ringues para cidades que não contavam com equipamentos adequados.

O boxe está embalado. Não é fácil retornar dos Jogos Olímpicos, descansar alguns dias e retomar os preparativos para o Mundial. Os adversários, certamente, enfrentaram os mesmos dilemas.

O ciclo dos preparativos para as Olimpíadas de Paris-2024 será o menor da história dos Jogos por causa do adiamento provocado no Japão pela pandemia. Por isso, não deixa de ser interessante conhecer o sacrifício do tempo e aproveitar a lição.


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Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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