‘Com meu salário não pago doutorado aqui’, diz professora aceita em universidade de Portugal – Notícias
“Com meu salário eu não consigo pagar um doutorado no Brasil e os programas de incentivo à pesquisa estão cada vez mais escassos”, desabafa a professora Vivian Alencar Carvalho Cunha, que foi aceita na Universidade de Coimbra, em Portugal, para a realização do doutorado em ”Linguística do Português’, ficando em segundo lugar na disputa — a instituição oferecia apenas três vagas. Vivian também se classificou na Universidade de Lisboa.
Moradora do bairro Jardim Vista Alegre, região da Brasilândia, zona norte de São Paulo, ela, o marido, o filho e o cachorro de estimação embarcam para o país europeu em agosto deste ano, uma vez que o ano letivo se inicia em setembro. “Essa oportunidade, só poderia se dar por meio da educação, eu sou uma pessoa simples, professora e moradora da periferia”, diz.
Para ela, fazer um curso fora do país traz muitas vantagens que vão além da formação acadêmica. “Estamos falando de acesso a outra cultura, sobre conhecer lugares e pessoas interessantes, que trazem para nossa vida uma bagagem muito bacana. É o que digo aos meus alunos, a educação nos move e nos permite transitar por espaços jamais imaginados por nós”, declara.
No entanto, o que a motivou a deixar o Brasil foi a situação financeira. “O que eu pagaria em três meses de mensalidade aqui no Brasil, quito um ano de estudo em Portugal”, explica.
Para colocar o sonho em prática, Vivian e a família tiveram de se planejar financeiramente. “No primeiro ano do mestrado, eu vendia brigadeiro para os colegas da faculdade, fazia trabalho de correção de texto e oferecia aula de reforço”, conta. “Vendemos até o carro e ouvi muitos nãos para que hoje pudéssemos ter essa oportunidade.”
Outro fator importante é poder proporcionar ao filho a realização do ensino médio fora do país.
Para ajudar com as questões burocráticas, a professora conta com o apoio da Estude em Portugal, uma empresa de mentoria internacional. “Quando estamos buscando uma oportunidade em outro país, temos muitos entraves e a distância é um grande dificultador”, avalia a professora. “Por melhor que seja a nossa leitura dos editais e sites governamentais é possível que escape algo que possa embargar todo o processo e nesse sentido a consultoria tem me ajudado muito.”
Vivian sempre batalhou muito e viu na educação um caminho para mudar de vida. “Eu terminei meus estudos no EJA (Educação de Jovens e Adultos) e durante esse tempo fui muito influenciada por uma professora, Cristiane, hoje minha colega de trabalho e posso dizer que um bom professor pode mudar a vida de uma pessoa e ela mudou a minha.”
“O conhecimento quebra barreiras, desconstrui conceitos estabelecidos, nos ajuda a ocupar espaços que jamais imaginávamos e em um país como o nosso ‘estudar é um ato de resistência’, por isso resista e estude!”, conclui.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder
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