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Angela Merkel reforça aliança alemã com Israel na reta final de seu mandato – 15/10/2021 – Jaime Spitzcovsky

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Naftali Bennett, premiê israelense, se esforçou em mesuras na recepção a Angela Merkel, no fim de semana passado. Chamou-a de “bússola moral da Europa” e destacou o recorde, em Israel, de mulheres no comando de ministérios: 9, num universo de 27 pastas.

Em seguida, Merkel posou para uma foto com as ministras e Bennett. O diálogo diplomático avançou ainda por assuntos como o programa nuclear iraniano, a questão palestina e o renitente fantasma do antissemitismo em solo europeu.

O amplo leque temático, no entanto, não ofuscou o ponto principal da visita histórica da primeira-ministra alemã. Tratava-se essencialmente de uma despedida diplomática, pois se aproxima o fim do reinado de Merkel, após 16 anos no poder, durante os quais visitou Israel oito vezes.

Para a aposentadoria política, Merkel aguarda a formação de um novo governo, a depender da negociação entre as principais forças políticas no Parlamento, após a eleição de setembro. Enquanto isso, ela segue no poder e investe na consolidação de legados como o fortalecimento das relações com Israel.

Merkel compartilha com Konrad Adenauer (1876-1967), pai da reconstrução alemã no pós-guerra, o título de grandes entusiastas dos laços teuto-israelenses e da reconciliação após as tragédias do Holocausto e da Segunda Guerra Mundial. Desde 1949, quando da fundação da Alemanha Ocidental, moderna e democrática, o compromisso estratégico com Israel se tornou um dos pilares da política externa germânica, embasada em conceitos como desnazificação e responsabilidade histórica.

Adenauer, democrata-cristão como Merkel, construiu sólida parceria com o socialista David Ben-Gurion (1886-1973), patriarca da independência de Israel. Apoiada em visão estratégica, a dupla esculpiu uma relação a levar a Alemanha a ser fundamental interlocutor diplomático e principal parceiro comercial de Israel na Europa do século 21.

Nos anos 1950, Ben-Gurion enfrentou resistências acirradas à aproximação com a então Alemanha Ocidental. Sobreviventes do Holocausto correspondiam a relevante parcela da população do jovem país, criado em 1948, a partir de resolução aprovada na ONU.

O arquiteto da independência de Israel superou as críticas com dois argumentos. Primeiro, defendeu o voto de confiança numa Alemanha Ocidental democrática, liderada por Adenauer. Depois, ressaltou a necessidade de o diminuto país, rodeado por vizinhança hostil e empenhado em receber novas ondas migratórias, atrair aliados nos planos político, financeiro e militar.

Apesar dos entendimentos entre Adenauer e Ben-Gurion, no início dos anos 1950, relações diplomáticas entre Israel e Alemanha Ocidental despontaram apenas em 1965. E o primeiro a chefiar a embaixada em Bonn foi Asher Ben-Natan, um dos comandantes da operação de captura do nazista Adolf Eichmann, na Argentina, em 1960.

Em 2008, no 60º aniversário da independência de Israel, Merkel discursou no Parlamento em Jerusalém. Cinco deputados boicotaram a sessão, sinal da sobrevivência da controvérsia, na sociedade israelense, sobre os laços com Berlim.

Na viagem mais recente, defendeu novamente a criação de um Estado palestino, ao lado de Israel, com segurança para os dois vizinhos. Sua voz ecoa no Oriente Médio, pois o governo alemão se destaca também como um dos principais doadores financeiros a estruturas palestinas.

A fala da primeira-ministra alemã, portanto, mostra haver saída para a questão israelo-palestina. Fundamental é levar em conta reivindicações históricas de ambos os lados.


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