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O diretor Kleber Mendonça fala sobre a criação de ‘Retratos Fantasmas’

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A casa do vizinho terminou registrada em segundo plano. Ela depois passa a ser uma protagonista na nossa vida, na minha vida com a Emilie, e na minha vida com a minha mãe também. Depois uma vilã e depois um problema real, um problema físico. Isso também entrou no filme. Então, tudo isso juntando, eu achei que tinha um filme interessante para ser feito. Mas antes disso, ainda é uma investigação de montagem, porque você nunca sabe se isso vai dar em alguma coisa.

Do material que não era seu, do material dos cinemas de rua, do material histórico, teve alguma coisa que você foi procurar e descobriu que não existe mais, que ninguém tem nada guardado?

Oficialmente não há nada guardado sobre nada.

Não surpreende….

Por exemplo, o Cine Veneza foi achado com uma anotação vaga na Cinemateca Brasileira. Mas não tem, por exemplo, nada do Hall, da prateleira com todas as inaugurações de cinema do Brasil afora. Deveria ter, porque esse é quase um subgênero do cinema de divulgação. Não é documental, mas as empresas queriam registrar a inauguração de seus investimentos e mandar uma equipe de 35 milímetros filmar. O Veneza, para mim, é quase como aquela montanha de “Contatos Imediatos do terceiro Grau”, que o cara começa a obcecar com aquilo, depois ele descobre que todo mundo está obcecando com a mesma coisa. Eu sempre soube que o Veneza era uma puta sala, mas achava que eu era o único que falava dele. Quando eu postei no Instagram, uns anos atrás, uma imagem que eu fiz já na filmagem do “Retratos Fantasmas”, teve 940 comentários. Aí eu disse, caralho, as pessoas sentem a mesma coisa que eu sinto em relação a aquele lugar. O filme foi sendo moldado pelas descobertas.

Sua casa no Recife é retratada como uma constante em sua vida, inclusive por você ter usado o espaço como cenário, não só dos seus curtas, mas ele está lá em “O Som ao Redor” e também tem o espírito de “Aquarius”, essa relação com o lugar onde você cresceu.”Retratos Fantasmas” seria uma espécie de ruptura com esse passado para enxergar um cinema diferente daqui para frente?

Eu achei, ou as pessoas acharam, que isso teria acontecido com “Bacurau”, porque “O Som ao Redor” e “Aquarius” eram de um certo jeito, e “Bacurau” é meio western. Então eu acho que não, porque “Retratos Fantasmas” é um filme de arquivo. Mas eu gosto de achar que ele é um álbum de família que eu decidi montar da própria cidade. Só que esse álbum é meu, não é um álbum que eu vou disponibilizar na praça e dizer que é de todos. Esse é um álbum de família da cidade, vocês talvez vão gostar, mas ele é meu, ele é minha família, e eu estou bem com isso.

Existe carinho com as imagens, até quando elas mostram o destino inevitável de algumas salas.

Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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