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IA é usada para detectar emoções e pesar gado – 21/08/2023 – Tec

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O uso da Inteligência Artificial (IA) em trabalhos e pesquisas passaram a fazer parte do cotidiano das universidades públicas no país. Eles são voltados para as mais diversas áreas, como agro, saúde e astronomia. Alguns têm potencial de influenciar diretamente na vida da população nos próximos anos.

Uma das iniciativas é o trabalho que está sendo desenvolvido na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por meio do doutorado da engenheira de produção Daniela Castro Araújo. Com o uso da IA, ela está trabalhando em um estudo em que será possível a detecção precoce do câncer de mama por meio de um exame de sangue.

“Tivemos acesso a exames de milhares de mulheres com conhecimento prévio sobre se tinham ou não câncer de mama. Usamos a Inteligência Artificial para identificar padrões e diferenças. Uma vez treinado, esse modelo pode ser usado para predizer qualquer exame de sangue futuro”, diz Araújo.

O modelo não substitui a mamografia, segundo a pesquisadora. “Mamografia é o padrão ouro para rastreamento. O único problema é que ela não é acessível para todo o mundo. O que a nossa ferramenta faz é uma estratificação de risco personalizada. Olhando para o exame de sangue, a gente consegue dizer se está numa faixa de risco mais alta, numa faixa de risco intermediária ou numa faixa de risco mais baixa. Essas mulheres que estão na faixa de risco mais alta deveriam ser priorizadas para uma monografia.”

A ferramenta entrou na fase em que os pesquisadores chamam de “mundo real”. Estão sendo feitos testes com algumas operadoras de saúde buscando mulheres que já estão em atraso com o exame da mamografia, segundo a pesquisadora. Não há uma previsão de quando o serviço estará disponível para o público.

Na área do agro, um estudo na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), em parceria com o IFMT (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso) e demais instituições, está desenvolvendo uma ferramenta em que o agricultor poderá fazer a pesagem do gado por meio de uma fotografia tirada com o celular.

Foram realizados modelos matemáticos a partir de medidas morfométricas, com a ideia de predizer as informações da carcaça do animal.

“Do ponto de vista de produção animal, é preciso ter informação do peso para formular uma dieta, para saber se o animal está pronto para o abate, para aplicar o medicamento”, diz Geovanne Ferreira Rebouças, doutor em zootecnia e professor do IFMT.

“As grandes propriedades já têm balança, mas o pequeno e o médio produtor não tem, o que dificulta essa informação mais técnica.”

A pesquisa ainda está na etapa de coleta de imagens dos animais. A tendência é que no segundo semestre de 2024 o aplicativo entre na fase de testes para validação.

Detector de emoções pode ajudar pacientes

Um outro estudo tem procurado identificar, a partir dos sinais elétricos gerados pelo cérebro, qual emoção a pessoa estava sentindo, com uma classificação que inclui, por exemplo, tristeza, alegria, espanto e dor. Ele está sendo desenvolvido na UFLA (Universidade Federal de Lavras).

O trabalho começou como uma pesquisa de dissertação de mestrado do engenheiro Vancley Oliveira Simão. Os pesquisadores treinaram alguns métodos de Inteligência Artificial para que o sistema identificasse qual emoção a pessoa estava sentindo.

Eles usaram um banco de dados já existente em um laboratório nos Estados Unidos. Os sinais são captados através de uma touca colocada na cabeça da pessoa. Segundo William Soares Lacerda, professor do Departamento de Automática da Escola de Engenharia da UFLA, o acerto foi de aproximadamente 90%.

“Esse trabalho pode ser aplicado, por exemplo, em uma pessoa que esteja acamada, sem condições de se comunicar. O cérebro dela continua funcionando perfeitamente, mas ela não consegue falar, não consegue expressar o que está sentindo”, diz Lacerda.

Na Unesp, uma pesquisa voltada para a astronomia já rendeu prêmio aos pesquisadores. Eles desenvolveram uma metodologia capaz de diminuir a análise de um asteroide, que poderia demorar meses, para apenas alguns segundos.

Com o uso da IA, foram testadas três redes neurais artificiais distintas para analisar a dinâmica dos asteroides. Com esse trabalho, foi possível reduzir o tempo de análise e também permitir a identificação de famílias jovens de asteroides.

“No passado, era um trabalho de observação visual, com centenas de gráficos de asteroides. Agora, com o volume de dados, isso seria inviável. A gente trabalha com mais de um 1,2 milhão de asteroides”, explica Valerio Carruba, professor do departamento de matemática da Unesp, sobre a necessidade da utilização da IA.

“Agora, não apenas temos como saber a idade desses objetos, que é de três milhões de anos, como também calcular a velocidade inicial com a qual foram ejetados. Essas informações são muito raras porque, com famílias mais antigas, são bem difíceis de serem obtidas”, completa o pesquisador.

Esse trabalho rendeu o prêmio por “Métodos computacionais inovadores em dinâmica astronômica” no 8º Encontro Internacional de mecânica Celeste. A cerimônia de premiação vai ocorrer em setembro, na Itália.

“A preocupação que a gente tem toda vez que se publica um artigo é disponibilizar o código para que ele tenha mais aplicações, para que essa rede aumente, não só na área de astronomia“, diz Rita de Cássia Domingos, pesquisadora da Faculdade de Engenharia da Unesp.

Apesar dos avanços na tecnologia, os pesquisadores dizem que faltam pessoas preparadas para trabalhar com a Inteligência Artificial. “Está faltando habilidade dos pesquisadores para usar essas ferramentas e a capacidade de ficarem atualizados em uma área de rápida evolução”, diz Carruba.

“Quem está trabalhando, está aprendendo. Quem de fato domina são técnicos da área de informática, pois é algo mais natural para eles. Porém é necessário a composição de equipes multidisciplinares para sanar essa carência”, diz Geovanne Ferreira Rebouças, do IFMT.

Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original

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