Filtro de bagao de cana elimina agrotxico de gua contaminada por glifosato

Meio ambiente

Com informações da Agência Fapesp – 23/08/2023

Filtro para glifosato

Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma estratgia para remover da gua resduos de glifosato, um dos herbicidas mais vendidos no mundo.

Idealizada de acordo com os conceitos da economia circular, a tcnica usa como matria-prima o bagao da cana-de-acar, um detrito gerado nas usinas durante a produo de acar e de etanol.

“Isoladas e funcionalizadas quimicamente, as fibras de celulose do bagao podem ser empregadas como material adsorvente [superfcie slida insolvel, geralmente porosa, qual molculas dispersas em um meio lquido ou gasoso podem aderir], retendo em sua superfcie as molculas do glifosato. Dessa forma, possvel remover, por filtrao, decantao ou centrifugao, o contaminante da gua,” contou a professora Maria Vitria Leal, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Devido ao baixo custo e alto potencial para intensificar a produtividade agrcola, o glifosato tem sido amplamente empregado no controle de ervas daninhas em diversas culturas agrcolas. Contudo, estudos apontam possveis impactos sade humana, sobretudo aumento no risco de cncer. A aplicao de produtos contendo glifosato foi restringida ou banida em vrios pases, mas ele continua em uso no Brasil, onde so usadas mais 170.000 toneladas por ano.

Boa parte desse agrotxico acaba carregada pelas chuvas, podendo contaminar rios, riachos, poos e outros ambientes aquticos, o que explica a importncia do desenvolvimento de um filtro capaz de retirar o composto qumica da gua.

Fabricao do filtro de celulose

O processo de fabricao do filtro de agrotxico simples.

“Depois de triturar o bagao, preciso isolar a celulose, separando-a da hemicelulose e da lignina, que tambm compem o resduo da cana-de-acar. Isolada a celulose, o passo seguinte funcionalizar as fibras, agregando grupos de amnia quaternria em sua superfcie, conferindo carga positiva ao material, e possibilitando assim obter microfibras catinicas de celulose (cCMF, da expresso em ingls cationic cellulose microfibers), que se ligam facilmente ao glifosato,” explicou Guilherme Dognani, membro da equipe.

Algumas condies adicionais podem favorecer o processo, como o caso da variao do pH. “Ao variar o pH, tanto o material adsorvente quanto o glifosato apresentam diferentes configuraes moleculares. O pH 14 o mais eficiente para a interao entre eles, gerando uma maior adsoro e, consequentemente, melhor remoo,” contou Maria Vitria.

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